sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Desenvolvimento de públicos para a cultura



Notícias_10.11 / Por Blog Acesso

Qual é o perfil do consumidor cultural? Que fatores afastam ou atraem a audiência? Quais os hábitos de consumo cultural do público brasileiro? Com o intuito de buscar possíveis respostas para questionamentos como estes, tomando como base os resultados das últimas pesquisas sobre o consumo cultural do brasileiro, foi realizado ontem, em São Paulo, o terceiro bate-papo da série Encontros de Gestão Cultural. Para discutir o tema Desafios: desenvolvimento de públicos para a cultura, foram convidados o gestor cultural espanhol, criador da Le Claque – comunicacíon y gestíon cultural, Pedro Sánchez, e a gerente de comunicação e relacionamento do Itaú Cultural, Ana de Fátima Sousa.

Por que, nem sempre, as pesquisas conseguem retratar a realidade do público brasileiro? Para Ana de Fátima Sousa, a discrepância dos resultados pode ter raiz na análise dos dados. “A pesquisa precisa captar o interesse das pessoas e não dados crus. Por isso, prefiro as pesquisas qualitativas, que trazem informações relevantes. Acho que não dá mais para uma instituição cultural sobreviver sem manter o diálogo constante com seu público”, afirma.

A respeito, Pedro Sánchez acredita que arte e comunicação sejam linguagens que devem caminhar juntas. “Se não há comunicação, não há arte. O artista deve comunicar e não vender a sua obra, para um público que vai recebê-la sob duas perspectivas diferentes: a do cliente e a do cidadão. Essas duas facetas precisam ser consideradas também pelo gestor”, disse.

Segundo Ana, o mais importante neste momento movediço é deixar os preconceitos de lado e se comprometer a buscar novas maneiras de enxergar e avaliar as questões. “A fruição está mudando e os pilares das certezas desmoronaram. Precisamos perder o sentimento de valoração da catraca, começar a repensar a dinâmica dos eventos e assumir que não sabemos de tudo”. Com o que concorda Sánchez, tomando como exemplo a experiência dos teatros espanhóis. “Os teatros da Espanha estudam os públicos há cerca de 20 anos e ainda sabem muito pouco, porque este é um trabalho contínuo e personalizado. O que sabemos é que o público contemporâneo quer participar, interagir, sentir-se parte integrante. Ele não quer mais ser um mero espectador, deseja co-criar”, conta.

Durante o debate, a gerente do Núcleo de Artes Cênicas do Itaú Cultural, Sonia Sobral, que estava na plateia, atentou para a importância dos estudos sobre hábitos culturais para a ampliação do conhecimento sobre a formação da audiência. “Não é fácil conhecer o público. Quem pensa o tema, hoje, requisita pesquisas sobre hábitos familiares. Existem dados de pesquisas que apontam a influência da tradição familiar – família e escola – como principal fator para a iniciação e construção do hábito cultural”, completou.

Seguindo a linha de debates sobre os desafios da gestão cultural, o próximo encontro da série acontecerá no dia 30 de novembro, em São Paulo, sob o tema Desafio: a profissionalização da área cultural no Brasil.

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